26 de fevereiro de 2014

O Descendente dos Dragões - Capítulo 3 - A Vida é a Escuridão

Olá Galera! Trago o terceiro capítulo de O Descendente dos Dragões! Se você começou a ler agora dê um lidinha no Prólogo antes, pois faz parte da estória e comente o que você achou, ok? Abraços e Boa Leitura!


Capítulo 3 - A Vida é a Escuridão

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A
 casa era feita de madeira, e do lado esquerdo, na parede, plantas se
erguiam.
  Jillian bate três vezes na porta e depois de alguns segundos a velha abre.
– Pelos Dragões! Vocês acharam as flores? – perguntou a velha com os olhos brilhando e a gesticular a ambos os jovens para entrar em sua casa.
Nos primeiros passos de Jillian o piso de madeira cinzenta range, os olhos dos convidados fitavam o pequeno cômodo. A jovem entrega o saco de rasmerin a velha e a idosa vai preparar o medicamento.
Ela coloca as plantas em uma pequena vasilha de madeira e com o auxilio de um bastão curto esmaga-as. Um líquido esbranquiçado é extraído e despejado em um pano limpo, depois é colocado sobre a ferida vermelha e dolorosa.
O rapaz estava deitado em uma cama, suava de febre e gemia conforme se mexia. Tinha cabelos encaracolados e negros, estava apenas vestido com uma camisa surrada e um pouco rasgada na parte inferior.
A velha olhava com o brilho para o seu filho.
– Graças a esses jovens, meu filho, você vai ficar bem logo!
– E… está doendo! – gemeu o rapaz suando na cama.
Groanel e Jillian ficam a olhar com receio para o corpo do jovem na cama, a ferida era realmente horrenda. Um corte de uma palma se estendia na coxa da perna direita, um líquido roseado e fétido, que provinha da ferida, escorria para as palhas da cama.
– Meus abençoados por Dragões – disse a velha saindo do quarto de seu filho – venham e se sentem nestes bancos.
Eles assentiram e se acomodaram em bancos de madeira na sala.
– Eu não tenho nada para pagar vocês e…
– Não estamos cobrando, senhora – interrompei Jillian – fizemos isso por generosidade.
– Fiquei muito grata, em troca contarei uma história.
– Obrigado, velha – agradeceu Groanel – mas estamos indo para Gornelyn e estamos atrasados, devemos partir imediatamente.
Jillian olha severamente para Groanel e o mesmo se intimida.
– Pode contar – pediu a jovem colocando as mãos em seus joelhos.
A pele dela era enrugada, e sua casa, assim como ela, eram velhas. Ambos os convidados deixavam seus olhares atentos na velha, seus lábios se humedeciam para começar a pronunciar palavras sábias.
– Eram apenas rochas flutuando na escuridão, nada mais do que isso, mas entre todas as trevas, um ser com pele negra circulava entre as rochas e o pó transformando-as em esferas gigantescas, que no fim, ganharam uma luz forte que iluminou parte da escuridão. O ser das trevas criou a luz, e como mentor supremo, gerou cinco seres de escamas, já grandes como ambas as luas, assim ele guiou-os para proteger as gigantes esferas elementais. – a velha começa a tossir enquanto observava ambas as faces curiosas e surpresas em sua frente. – Todas as estrelas do céu escuro brilham graças ao ser da escuridão, pois sem ele, não teríamos a luz, pois sem ele não existiria o escuro. Vocês temem o escuro?
Jillian balançou a cabeça negativamente, ao contrário de Groanel.
– Garoto – continuou a velha – não tenha medo da escuridão, mas não confie nela, pois você perde um de seus sentidos em meio ao negro, deve confiar em seu espírito para lhe guiar. Onde estamos a vida é isso, meu jovens. A vida é a escuridão, estamos aqui sem enxergar, não sabemos quem realmente são as pessoas, se tem em seu sangue e carne a verdade, a falsidade, a traições, o heroísmo ou até mesmo a magia. – a velha olha para os olhos azulados de Jillian e então se levanta vagarosamente. – Se querem encontrar maus agouros e vistas amargas, sigam a destruição, mas se querem realmente viver, olhe nos olhos de seus inimigos, e com um sorriso amigável adentrem em suas casas, vejam suas famílias se afugentando do frio, tomem seus vinhos, e no fim, batalhe junto a eles em seu próprio templo.
– Do que você está falando? – perguntou Jillian com seu cenho a enrugar enquanto se levantava para ajuda-la.
A senhora coloca uma de suas mãos sobre a cabeça de Groanel.
– Quando a fumaça branca e gelada tocar a luz que ilumina o seu caminho, haverá um mal, caberá a um de vocês saber o que fazer para viver. – ela olha para Groanel – Jovem você tem uma energia que é muito estranha, não pode ser sua energia.
– Energia? Como assim?
– Uma energia que é intensa, que queima a minha, uma energia de dragão.
A velha da um passo para traz e arregala os olhos para o rapaz.
– Eu não acredito! Depois de dezenas de anos apenas hoje eu presenciei um descendente dos dragões!
Jillian olha para Groanel a se levantar.
– U… um descendente dos dragões? – perguntou a moça a fitar a face surpreendida da velha – Ele não pode ser um dragão!
– Você já viu um dragão, jovem garoto?
Os olhos tão negros como a noite de Groanel expressam o medo das palavras profetizadoras.
– Estou bem filha! – disse à Jillian – Agora está na hora de vocês dois partirem, antes que comece a chover.
– Chuva? – questionou a moça de cabelos ruivos – mas o céu está tão azul e sem nuvens.
A velha sorri à jovem. Depois de alguns minutos, ambos os púberes encontram a estrada de Gornelyn novamente. Mais algum tempo se passa e os dois davam passos rápidos no caminho de terra amassada.
As mochilas de pano roçagavam incontáveis vezes.
– Demoramos muito ajudando aquela velha maluca. – protestou Groanel com seu cenho franzido.


– Oras, foi uma coisa boa para ela, só ocupou algumas horas, nada mais.
– Algumas horas? Está anoitecendo! – exaltou o rapaz – Agora temos que ficar mais uma noite debaixo de alguma árvore com uma fogueira para chegar a Gornelyn.
– Agora tenho a absoluta certeza que você não é um dragão, nem uma Géria é mais malvada do que você.
Quase uma hora se passa e já se avistava os últimos fios amarelos do sol em seu pôr.
– Vamos ter que parar por aqui – disse a Jillian olhando para uma árvore em um morro a alguns passos da estrada – venha, vamos dormir debaixo daquela árvore ali. – ela apontou para a mesma.
Chegando lá, ambos colocam as suas sacolas ao lado da grande e bela árvore.
– Fique aqui e ache por perto alguns gravetos – pediu ela – eu vou buscar alguns baldes d’água.
– Baldes? – estranhou o rapaz – onde que você vai achar baldes?
– Têm um poço aqui por perto descendo a estrada do lado oposto, me lembro de alguns moradores usarem ele com frequência. – respondeu Jillian já a descer o morro.
Groanel assente com a cabeça e observa a jovem até chegar à estrada novamente. Depois de alguns minutos observando o céu, Groanel gira os calcanhares e começa a andar em direção a umas árvores separadas. Um pouco irritado olhava ao chão procurando por gravetos para produzir a fogueira.
Quando ele estava de cócoras pegando alguns gravetos no chão, vê em sua volta a escuridão que já se rodeava, as luzes tênues das estrelas e as belas luas deixavam a visão um pouco azulada. Groanel dá mais alguns passos para frente, contudo, um ruído de galhos se quebrando se alastram pelo ar. O rapaz semicerra os olhos a fitar todo o seu redor.
“É apenas um animal”– Mas ele sentia, em seu íntimo, que alguém o observava. Mas seria realidade? Passa algum tempo e já estava cheio de gravetos. “Acho que já está bom, não iremos incendiar todo o reino de Harvage” – pensou a voltar com um sorriso.
Groanel coloca os muitos gravetos ao chão do lado da árvore. Um vento muito repentino atinge as costas do rapaz e abruptamente as folhas da árvore em seu lado esquerdo farfalha suas folhas como sinos ferozmente a tocar. Ele sente algo estranho e desagradável, sentia uma presença fantasmagórica nas suas costas. Groanel vira seus calcanhares e suas mãos ficam moles, deixando o restante dos gravetos caírem ao chão. Discretamente ele coloca sua mão esquerda em seu bolso das calças.
– Quem é você? – perguntou Groanel quase sussurrando.
O homem a frente do rapaz sorriu com ambas as mãos entrelaçadas em suas costas.
– Alguém que quer lhe ajudar. – respondeu.
Groanel sente um suor percorrer o lado de sua testa enquanto examinava a sua túnica negra, decorada com chamas vermelho-escura em suas mangas. Um longo colar chegava até ao meio de sua barriga, era de dourado e em seu centro, uma pedra alguns tons mais claros e vividos do que sua túnica.
– Você é um Lorde Arfenixiano? – questiona Groanel deduzindo sua origem.
O homem sorri e olha pensativo para seu lado direito.
– De certa forma – responde depois de alguns segundos. – Eles me chamam de Shavu.
Shavu? – Groanel dá dois longos passos para trás – Este não é o Deus Supremo em que eles acreditam?
– Escute – pediu o nomeado Shavu a dar os mesmos passos para frente que o rapaz. – Eu queria saber o que você sente em seu coração.
– Em relação ao que? – retruca secamente a sentir o punho da pequena adaga em seu bolso.
– De sua essência. Tu não és um descendente de dragão? – indagou o homem vestindo vermelho a dar mais alguns passos, agora, curtos.
– Mas que merda! – se irritou a deixar a vista sua fina adaga – Suma da minha frente seu lorde de bosta, caso contrário irei lhe partir a cara.
Shavu franze o seu cenho, inspira com raiva correndo em todas as suas veias.
– Por que você não liberta seus poderes? – grita ele com seus olhos na cor castanhos avermelhados.
– Pelos dragões! – gritou Groanel em resposta com um olhar em fúria – Eu não tenho poderes, por que ninguém acredita em mim?
– Você ora o nome dos Dragões e não sente o que tem dentro de você? – Shavu bate seu punho cerrado no tronco da árvore em seu lado, sua mão incendeia, e no local faz o tronco ganhar a cor escura de queimado.
Groanel se assusta e da um passo para trás.
– O… o que é você?
O homem abaixa seu olhar mantendo no tronco, agora queimado, seu punho.
– Eu – fez uma longa pausa, respirando fundo – sou um Dragão! Seu guardião.
O garoto dá mais um passo para trás e com a boca aberta, estremece todo o seu corpo, mas seus nervos estavam duros e não deixa cair a adaga.
– N… Não pode ser verdade! – uma lágrima escorre em sua face relembrando do ódio que carregava por aquele dragão ter destruído toda Gornelyn juntamente com seus conhecidos e parentes.
Groanel não conseguia mexer nenhum músculo, pois estava apavorado. “Então, todos aqueles boatos que diziam sobre mim, poderia ser verdade?” Ele seria mesmo um descendente dos Dragões? E ele teria os poderes que aquele homem em sua frente dissera? Ou, ele estaria mentindo visando a manipulação de Groanel?
– Sim! É verdade, e você é um dos nossos! – Shavu ergue o olhar afiado, porém mais sereno. – Está no seu sangue, em todo o seu corpo e mente, estou aqui, pois já chegou à maturidade suficiente para ser testado, comprovando que é um descendente de um dragão!
Ambos estavam se olhando no fundo dos olhos, frente as frente um ao outro, por apenas cinco passos não se tocavam.
– Eu ouço seu coração, Groanel. – diz o homem de vestes escarlates com olhar triste.
– Nesta distância? – pergunta o garoto surpreso e com a voz sarcástica.
– Não duvide de mim, venha até meu peito, e escute meus batimentos.
Mesmo com receio, as pernas se mexiam rumo ao homem, curiosidade que vencia o medo, sede de respostas que poderia ser saciada depois de vários anos se perguntando a mesma coisa. A grama húmida, farfalhava nas passadas curtas do garoto, até que o mesmo chega e lentamente aproxima sua orelha gelada no peito do lorde.
TUM TUM TUM TUM…!
Groanel dá um passo largo para trás e com os olhos arregalados, fica de boca semiaberta.
– Você ouviu! – exclamou o dragão a colocar uma de suas mãos no peito – O ritmo é de quatro batidas, isso por que eu tenho dois corações.
Groanel ficara mudo, não conseguia pensar em nada, pois pensara em tudo ao mesmo tempo. Sua cabeça estava circulando milhares de cosias e não podia segurar isso.
– Não se apavore! – pede o Shavu com um tom sereno e simpático. – Mas peço que venha comigo, irei lhe contar tudo, caso contrário não poderei mais lhe ver, não poderei mais fazer você progredir, assim, não poderá salvar os mundos e parar definitivamente com essa guerra que está atormentando todos!
O dragão estende a mão, que outrora estava no tronco, para Groanel.
– Me aceite, deste modo, você também se aceitará e conseguirá libertar todos os seus poderes para proteger tudo, se realmente você for um descendente de um dragão! – O lorde sorri com os olhos serenos e límpidos – Não era isso que você tem em mente? Proteger tudo em sua volta? Se me aceitar como seu mestre poderá proteger tudo e todos!
Nas costas do dragão, no escuro da floresta, sons de passos quebrando os galhos secos. Shavu olha sobre os seus ombros para a escuridão, semicerra os mesmos, e expressa ódio em sua face humana.
– Ora, ora ora! – diz arrogantemente uma voz que provinha do obscuro. Palmas e passos lentos são ouvidos. – Imaginei que o encontraria aqui, Gazur’Trahávik, o Dragão Deus do Fogo!
“Dragão Deus do Fogo? Gazur’Trahávik? Mas que merda, ele não se chamava Shavu? – pensou Groanel dando mais um passo para trás.
O corpo do homem sarcástico é visível por feixes de luz azul, emanados pela lua cheia. Gazur’Trahávik mostra suas presas pontiagudas, já a virar sobre seus calcanhares.
Dräza’hákar! Seu maldito Denbra! Pagará por fazer toda essa destruição!
Apenas metade da face do indivíduo era exposta à luz azulada. Seu maxilar era fino, sua face era de um rapaz, e seus olhos, mais azuis que um céu limpo, reluzia à medida que avançava lentamente. Sua veste é uma túnica longa e negra, usava um capuz e suas mãos eram tão brancas como a neve.
– Então… gostou da minha nova forma humana? – sorriu Dräza’hákar sarcasticamente enquanto seus olhos passavam rapidamente ao garoto atrás do dragão de fogo – Me cansei daquela forma de velho acabado que necessitava de um cajado, apenas para parecer um grande sábio.
– Fico impressionado com sua coragem para vir me desafiar tão cedo! – Gazur dá um passo para o seu lado esquerdo, para cerca-lo e analisá-lo.
– Não, não! Não vim aqui para lhe desafiar, pobre Draken. Vim propor um acordo!
– Idiota! Não aceitarei! – retrucou Gazur’Trahávik.
Das unhas humanas do dragão de vestes vermelhas, são liberadas garras tão negras como a noite. Nas unhas humanas, agora vertia sangue, a dar a vez as unhas de dragão resistentes com cerca de 15 cm.
– Está precisando de uma manicure, amigo! – sorriu Dräza do jeito de outrora.
Gazur franze o cenho e faz uma pausa em seus leves passos.
– Veja: – continuou o de vestes negras – já imaginou tu reinares soberanamente, sobre todos os outros Draken’s, tanto Norfis quanto Mazäk’s? – os olhos do homem seguiam as unhas negras do dragão que expressara raiva. – Proponho que se junte a mim, Gazur’Trahávik! Poderíamos dominar tudo e todos e criar o nosso próprio mundo, com nossas próprias regras e crenças. Seria possível se você me desse aquele garoto – olhou para ele atrás de Gazur – e comigo, formar uma aliança!
O dragão vermelho, da um longo passo à frente, suas unhas batiam entre si promovendo sons que lembravam espadas a tilintar umas às outras, ele olha sobre os ombros observando o garoto assustado, quando de repente, um chamado:
– Groanel! – gritava uma voz familiar.
O garoto vira-se no morro e vê Jillian subindo com esforço, trazendo baldes d’água. Rapidamente o menino desce para ajudá-la.
– Desculpa a demora! – a jovem entrega os baldes à Groanel – Tudo bem?
Ele assente com a cabeça já a subir o morro novamente. A grama escura estava escorregadia por causa do sereno da noite. Ao chegar ao topo novamente, os dragões que negociavam desapareceram. O que Dräza’hákar pretendia? Gazur’trahávik aceitara a proposta? Um Draken seria confiável? Deveria contar a Jillian sobre o que acontecera? O garoto estava louco com tantas perguntas em sua mente.
– Rápido, vamos fazer uma fogueira e vamos dormir para amanhã levantar cedo e continuar a viajem!
 “Por que você não liberta seus poderes?” – lembrava Groanel dos berros daquele homem de olhos castanhos avermelhados quando pegava um graveto no chão. Com facilidade, a jovem arruma a fogueira, agora precisavam de apenas de fogo.
– Vamos! Agora é a sua parte! – exclamou Jillian a sentar no chão tirando pedaços de panos das suas bolsas.
– O que? Como assim?
– Precisamos de fogo! Dizem que você é um dragão, então, pode cuspir pela boca o que precisamos certo?
– N… Não sou um Dragão, você mesmo disse quando falou duas vezes.
– Vamos, não custa tentar! – sorriu a moça gentilmente.
Groanel olhou pensativo para a mancha queimada no tronco da árvore.
– E como eu faço?
– Você deveria saber! Aqui quem pode ser dragão é você!
Groanel pensa por alguns segundos.
Jillian ri e seus olhos azuis a brilhar.
– Tudo bem! – aliviou-o dos pensamentos – Durma que eu acenderei!

Groanel se deita ao lado da raiz da árvore, ficava olhando para as folhas imóveis da árvore que antes fora golpeada por um possível dragão. Não conseguia dormir, mesmo depois que Jillian ateou fogo nos gravetos. O som dos galhos se partindo com o fogo, o deixava apreensivo ainda mais. Se ele fosse mesmo um descendente de dragão, poderia fazer o que Jillian propôs outrora?

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