Olá galera! Mais uma vez aqui para postar um dos capítulos de Os Letraks. Espero que gostem, compartilhem e tudo mais! Agradeço aos leitores por ter um tempinho para ler os capítulos dessa crônica. Boa Leitura!
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Os
Letraks, por Lucas Monteiro
CAPÍTULO
4 – A Maldição
Os
passos de Edwar eram silenciosos, seus olhos semicerrados fitavam o movimentar
de Ilan. Edwar, sentindo a parede a tocar seu braço para e se esconde atrás de
uma estátua na lateral do corredor.
Ilan
olha sobre seu ombro a estátua branca, seus olhos e ouvidos desconfiavam de
alguma coisa. Depois de alguns segundos observando o corredor um tanto escuro e
amarelado, com a tênue luz das tochas, virasse a frente e dobra o corredor.
As
mechas louras do garoto não se moviam, ele esta todo comprimido, com ambos os
dorsos das mãos viradas para cima em frente ao seu peito curvado. Edwar exalava
um sorriso tão maligno que parecia ser um demoniozinho arteiro, até parecia que
crescia pontudos chifres vermelhos na cabeça e em sua boca presas. Seus olhos
estavam puxados enquanto Ilan se movia, ao desaparecer a presença do rapaz,
Edwar, com a ponta dos pés e ainda com ambas as mãos frente ao peito, começa a
andar novamente.
“Faltou uma música de fundo, uma
trilha sonora que se encaixe na cena de um assassinato de um idiota”. –
pensou malignamente. “Como sou malvado!
Vou matar ele de susto! MUAHAHAHA! – riu maquiavélico em sua mente.
Edwar
entorna o corredor e vê a sua frente, as costas de Ilan a alguns metros dobrando
novamente o corredor. Com o canto de seus olhos, Ilan vira-se de costas
rapidamente, seus olhos semicerrados e joelhos um pouco flexionados, depois de
alguns segundos ele da um largo passo a girar sobre seus calcanhares.
Edwar
novamente anda sorrateiro rente à parede, quando chega à dobra do corredor ele
cola suas costas na textura fria. Com o canto de seu olho tinha uma visão
embaçada do corredor reto. Edwar inclina tanto seu corpo com as pontas dos pés
que perde o equilíbrio e cai com o queixo no piso frio em meio ao corredor.
–
AI!
Ilan
dá um pulo assustado se virando de frente a Edwar.
–
AHAA! – sibilou o rapaz a apontar o dedo ao garoto esparramado no chão – Eu
sabia que tinha um rato atrás de mim
Edwar
fungou com tom irritadiço.
–
O que você quer atrás de mim?
–
Quero sair daqui – retrucou se levantando e a passar sua mão ao queixo
avermelhado – porque mais eu estaria? Tenho medo de você! – limpou alguma
sujeira em sua coxa sem olhar à Ilan – Você quase me abusou naquela floresta
ainda hoje!
–
Para de ficar inventando essa história! – retrucou lento e impaciente, com seus
olhos fechados uma leve veia salta em sua testa.
–
Ta bem, está bem. – gesticulou Edwar com desdém – O que você está fazendo?
–
Achando alguma saída ou porta que me leve ao meu mundo de verdade! – respondeu
a girar sobre seus calcanhares.
–
Também quero sair daqui, posso ir com você?
–
Tudo bem, seu pirralho. – respondeu sem olhá-lo – mas sem mais histórias e
artes.
–
Prometo! – concordou Edwar a fazer um leve bico irritadiço.
Ilan
apenas sorriu carinhosamente a olhar a cômica cara que Edwar produziu.
–
Veja! Uma porta aberta – observou o garoto a apontar sua frente.
–
Não sou cego – arrumou sua gravata – eu estava indo até lá antes de você
começar a contar poeira com sua boca!
“Tomara que lá tenha um duende
verde que te mande para puta que pariu”.
Agora
os passos eram mais rápidos, a porta estava com apenas uma fresta negra até o
corredor.
–
Mas o que será que tem aí dentro? – se perguntou Edwar olhando pela fina
abertura sentindo seu capuz pesar em sua costa.
–
Vou abrir – adiantou Ilan.
Um
ar frio tocou no corpo deles quando a porta se abriu.
–
Saco – resmungou Ilan – preciso fumar, isso está me dando nos nervos! – falou
para ele mesmo.
Ambos
se entreolham com as sobrancelhas elevadas. Era escuro e frio. Ilan olha ao seu
lado e vê uma tocha, ele pega-a e adentra ao cômodo escuro, com a luz
bruxuleante via-se uma mesa de madeira rubra com algumas folhas de papel
amarelas sobre ela, nas paredes, prateleiras com alguns livros surrados com
páginas irregulares. O professor e seu casaco cinza vão em direção à mobília,
em cima da mesma com a chama da tocha, um castiçal de velas é aceso.
O
lugar fica claro com as luzes amarela, na outra parede, uma bancada com vidros
e potes, algumas de vidro, outros de cerâmica e outras de madeira, nelas tinham
líquidos com cor de água suja e em outros com uma substância rubra, mais a
cima, na parede, prateleiras com potes preenchidos com substâncias coloridas.
Uns líquidos de cores azul-cinzento outros com aquela aparência de água suja,
mas um vidro pequeno com um coisa roseada parecia se destacar dentre todos.
Edwar
se aproximam da bancada de vasilhas e potes.
–
Mas o que é isso? – perguntou curioso Edwar para ele mesmo a observar as cores.
Ilan
pega uma folha que estava sobre a mesa e começa a ler em voz alta:
–
“A mudança das partículas celulares dos recipientes dará pelo ato do
aquecimento das mesmas, quando adotado uma coloração mais clara estará pronta
para o próximo processo de modificação ou de casamento”.
Edwar
olha para Ilan.
–
Isso quer dizer que é alquimia! – explica Ilan a ele mesmo – bem, pelo menos
aparenta ser. – ele ouve um barulho, os frascos sacolejaram – Mas o que você
está fazendo criança? – Perguntou Ilan a ir até Edwar que estava sobre a
bancada.
–
Quero ver esses frascos aqui – gesticulou com as mãos – quero ver o que tem
dentro deles, oras. – disse a relaxar seus ombros.
–
O que você está pretendendo fazer, pirralho?
–
Ei, seu idiota, não me chame de pirralho. – retrucou com o cenho franzido. Sem
olhar à Ilan Edwar pega o frasco com líquido roseado. Era uma cor sem vida,
meio acinzentada e o frasco era pequeno e de vidro, seu tamanho era de cindo
centímetros e com uma tampa de rolha.
–
Desça daí. – ordenou Ilan.
“Pra que serve essa coisa? Será que
é algum produto para limpar, tipo um sabonete líquido?” –
se perguntou Edwar em seus pensamentos.
Curioso,
ele abre o fraco, cheira-o, e arqueou as suas sobrancelhas.
“Tem um cheiro bom, mas é
esquisito”.
Ilan
já circulava a procura de coisas mais interessantes, seus olhos eram rápidos
atrás das lentes, lia as folhas amareladas e as achavam incríveis. Algumas
coisas ele não entendia, outras ele concordava alimentando ainda mais a sua
curiosidade.
–
Acho que aqui é uma sala de um alquimista. – pronunciou Ilan.
Ele
vê o garoto ainda sobre a bancada tomando o conteúdo do pequeno pote de vidro.
–
Você está louco! Mal sabe o que é isso.
–
Mas tem um gosto bom! – respondeu limpando os lábios com a língua.
Ilan
apenas faz uma cara de desdém. Edwar desce com um pulo até o piso, depois
coloca o frasco sobre a bancada.
–
Bem – fala Ilan com um tom chateado – nada por aqui a não serem essas anotações
de alquimia, nada que me ajude a sair deste lugar.
–
Que NOS ajudem!
Ilan
olha com seu canto de olho até Edwar.
–
Agh! – gemeu o garoto a colocar uma de suas mãos na barriga, um som ecoa na
sala de sua barriga. – Minha barriga.
Ilan
suspira a olha-lo com intolerância expressando aquele “eu lhe falei” sem ao
menos falar. Edwar sorri desajeitado apertando a sua barriga.
–
Ah… eu estou ficando tont…
–
Moleque tonto! – falou Ilan indo ajudar Edwar já ao chão – Eu te avisei.
O
professor pega o garoto de cabelos claros nos braços.
–
Porcaria! – pensou – KASTEMYRAAA! –
berrou.
–
Ugh. Ilan, o que têm com você? – perguntou Edwar com os olhos semicerrados a
fitar o professor.
–
O que têm com VOCÊ! – disse andando pelos corredores iluminados com tochas
bruxuleantes. – Se eu fosse seu pai lhe daria uma boa surra.
–
Você está tão diferente, parece estar mais…
Ilan
segurava Edwar de maneira firme, seu paletó atritava com a roupa do garoto.
Edwar pousa sua cabeça no peito de Ilan.
O
rapaz sente alguma coisa a lhe tocar em seu abdômen, de maneira desconfortável
ele descobre o que era. Ilan engole seco.
–
“Aquilo era um tipo de Viagra ou um
líquido de coisa afrodisíaca?” – se perguntou.
–
Estou com calor! – disse Edwar com as bochechas enrubescidas, seu corpo
estremecia, com seus olhos fechados gemia em alguns passos. – O que estou
sentindo?
–
Pro… provavelmente p… prazer! – respondeu Ilan sentindo no abdômen Edwar a lhe
tocar. – “Aquilo era um remédio para os
impotentes? Esse garoto está passando mal ou está em puro êxtase? Estou
sentindo ele ereto no meu abdômen, Jesus, o que faço? Maldição!”.
–
Bom dia – falou Hariel com os olhos ainda fechados. Ele escuta uns suspiros de alguém a chorar,
automaticamente ele abre os olhos – Porque você está chorando?
Simon
enxuga suas lágrimas rapidamente.
–
Nada.
–
O que foi, porque isso? – passou sua mão no rosto vermelho de Simon.
–
Eu estava reunindo forças.
–
Para que? – Hariel arqueja uma sobrancelha enquanto suas palavras saiam
docemente.
Alguns
segundos silenciosos passam. Hariel arqueja a outra sobrancelha.
–
Para te contar uma coisa. – respondeu finalmente.
Hariel
via na face de Simon uma tristeza que afetava até mesmo a sua própria mente e o
corpo. Seus olhos estavam vermelhos, pois estava a tempos chorando. Simon
acordara antes que Hariel, e ficara olhando para ele a dormir. Por qual motivo todas essas lágrimas e essa
febre? – se perguntou o rapaz a passar a mão nos cabelos do garoto.
–
Pode contar o que aconteceu, meu lindo! – exclamou Hariel com os olhos azuis brilhantes.
– Você está me assustando, nunca te vi chorando!
–
Não é mesmo? – sorriu Simon – eu sempre estou com muita alegria, sempre
agitado, animado a fazer as coisas... – pausou em um silêncio que ardia os
ossos de Hariel. As lágrimas cessaram de escorrer, mas a dor de tristeza ainda
reinava no peito de Simon – ...sempre positivo. Eu não te contei isso, Hariel,
porque na minha mente eu penso que seria melhor não te contar, mas eu tive um
sonho à noite.
Hariel
assentiu com a cabeça.
–
Qual foi o sonho? – perguntou Hariel com um nó na garganta.
–
Eu estava andando na nossa rua, mas estava chovendo e era frio, estava me
molhando e estava sozinho. Estava tudo cinza, estava tudo agonizante, eu estava
com medo, minhas mãos estavam mais frias do que eu já senti. – Uma lágrima
escorreu da face de Simon, depois respirou fundo para prosseguir – eu queria
achar você indo até o seu apartamento, mas eu não conseguia se mover rápido. Eu
apenas andava, como se em minhas pernas estivesse pesos.
Hariel
acariciava gentilmente os cabelos lisos de Simon, que agora tinham reflexos azulados.
–
Minha visão se enegrecia – continuou – eu via os carros acinzentados
estacionados, mas no horizonte da rua, quando começa a descida até o outro
bairro, tinha uma silhueta de uma pessoa que andava até mim. Quando a vi, eu
meu medo cresceu, pois eu sabia o que era. Eu queria correr, mas não podia.
Minha agonia era tanta que eu berrava enquanto sentia os pingos fortes me
chicotearem. – Escorreu mais duas lágrimas, Simon, com o dorso da sua mão,
seca-as. – Eu olhei ao chão, tremendo com a exaustão de meus músculos da perna,
e o asfalto cinza começa a ganhar manchas vermelhas, tão fortes como o meu
sangue, mas eu sabia que era o meu sangue ali, eu o sentia ainda quente no
chão.
Hariel
fitava Simon com olhos a serem domados por futuras lágrimas.
–
Quando levantei o meu olhar, Hariel, eu vi você em minha frente, mas você
estava todo negro, como se estivesse com petróleo em todo o seu corpo e roupa.
O solo estava todo vermelho, você todo negro e eu todo cinza, assim como os
prédios e os carros. Você toca em meu peito e eu tinha medo ao ver seus olhos
todo negro. – Hariel percebe que Simon estava arrepiado e passa suavemente sua
mão no braço do garoto – Você me disse que eu tinha que contar “aquilo” para
você, antes que eu fosse embora. Onde você tocava, em meu peito, ardia como
fogo, eu vi você negro, mas de seus olhos derramavam-se lagrimas tão brilhantes
como luz.
Hariel
engoliu seco, tentando tirar aquela agonia de ter o nó em sua garganta.
–
Você sussurrava: “Eu fiquei tão triste quando você foi embora, doeu tanto
quando te vi sair de perto de mim. Eu apenas te queria para sempre”. – Simon
começou a chorar soluçando – Você já se perguntou por que quero tanto alcançar
a felicidade? E você sempre me diz para o tempo deixar trazer ela, pois tenho
que viver os meus vários anos como deve ser?
–
Sim, o que tem? – respondeu Hariel a sussurrar com um tom emocionado.
–
Eu… eu não tenho todos esses vários anos que você tanto fala, Hari! Eu te amo
tanto!
–
Como assim? – escorre uma lágrima dos olhos brilhantes de Hariel.
Simon
não consegue mais falar, e se entrega aos prantos. Depois de 2 minutos ele se
acalma, mas o coração de Hariel começa a bater rápido, parecendo que queria
sair pela boca.
–
Porque você não tem vários anos? – perguntou com uma dor em seu coração.
–
Esses dias eu fui ao hospital.
–
Sim, eu me lembro, você estava com tonturas.
Simon
abaixa o olhar a escorrer mais lágrimas e brinca com seus dedos trêmulos.
–
Eu… eu tenho uma doença. – suspirou – eu não vou viver muito, Hari.
–
Ma… mas como assim?
–
Foi descoberto que a minha família tem uma doença rara que para mim é mais uma
maldição! – Simon coloca sua mão ao peito sentindo os seus batimentos cardíacos.
Hariel começa a ficar ofegante – Ela faz o coração apodrecer aos poucos e infelizmente
eu herdei essa doença igual ao meu avô, mas ela não é transmissível e sim
herdada. Os médicos não sabem quanto tempo tenho de vida… – fechou os olhos –
tento ficar toda a hora sorrindo pra quando morrer compensar os choros daqueles
que me amam...
Hariel
estava paralisado, seu maxilar tremia levemente, e de seus olhos escorriam as
lágrimas mais quentes que ele já sentira.
–
Por isso eu quero viver intensamente, aproveitar cada segundo junto a você e
com nossos amigos. Eu te amo, por isso não queria que você soubesse, não queria
ver você sofrer por minha causa.
Hariel
envolve seus braços no corpo de Simon e o abraça forte, como se fosse um dos
últimos.
–
Eu que te amo, seu bobo. – várias lágrimas
escorriam na face de Hariel enquanto sussurrava – Prometo que você sempre será um pedaço de mim, que meu coração sempre
será seu, e eu estarei com você mesmo que a luz no fim do túnel se apague,
mesmo que o sol não nasça, mesmo que me custe a alma. Porque meu amor é
verdadeiro e é ao teu lado que imagino vivendo por todos os dias da minha vida.
Vou te fazer feliz, o máximo que eu puder, porque eu te amo verdadeiramente.
Simon
aperta mais seus braços. Ambos ficam assim por alguns minutos sentindo o calor
entre eles. Como se não quisessem que aquele momento acabasse.
–
Simon, Hariel! – alguém chamou a bater três vezes na porta.
Os Personagens: (clique para ampliar).
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Obrigado! Valeu por estar mais uma vez aqui lendo essas minhas palavras redigidas com carinho, agradeço novamente e nos vemos no próximo capítulo, ou quem sabe, mais algum Trailer Book! =p
Comente o que achou desse capítulo. O que você faria no lugar desses personagens?
Abraço de Urso de ~L.M.~
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