9 de outubro de 2013

O Descendente dos Dragões - Capítulo 2 - A Flor que Ressuscita

Olá Galera! Trago, a pedidos, o segundo capítulo de O Descendente dos Dragões! Se você começou a ler agora dê um lidinha no Prólogo antes, pois faz parte da estória e comente o que você achou, ok? Abraços e Boa Leitura!


Capítulo 2 - A Flor que Ressuscita

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A
s flores nas árvores se abriam conforme o sol as tocava.
               – Ei menino! Acorde! Já estou partindo.
               – Para onde? – perguntou Groanel pulando rápido dos panos que estavam na grama.
– Gornelyn, oras. – ela arrumava os panos e outras coisas rapidamente em uma bolsa.
– Não acreditou em mim? Ela foi destruída.
– Acreditei. – Jillian confirmou – estamos a só um dia de lá, o que vai nos custar visita-la? E se realmente estiver destruída podemos pegar algumas coisas.
– Quer dizer roubar?
– Bem, se olharmos por outro lado, não será um roubo, pois não teria nenhum dono!
Groanel da um passo a frente a ajudar com as coisas.
– Em minha infância eu tinha que fazer muito disso para sobreviver.
– Ótimo, me conte de você enquanto andamos rumo a Gornelyn!
Groanel anui com a cabeça pegando mais duas sacolas de pano, coloca-as nas costas e depois partem. Por muitos passos longos, ambos ficam quietos, apenas vendo a primavera prevalecer nas árvores.
– Me conte sobre sua infância garoto. – sugeriu.
Ele olhou para o chão e encolhe os ombros relembrando tudo o que tinha passado.
– É uma história muito longa.
– O nosso caminho também. – respondeu Jillian com um sorriso simpático.
O menino olha mais uma vez para o chão e então começa a orar sua história.
– Me contaram que quando nasci minha mãe faleceu, pois não resistiu ao parto, e meu pai, antes mesmo de eu existir, foi morto pelo povo de Grunhay das montanhas ao noroeste de Gornelyn – Groanel olha fixamente ao horizonte pensativo, relembrando os fatos – a partir disso, meu avô era meu protetor, meu professor e meus pais; minha avó também já era morta, faleceu por uma doença que causava febre, vômito e feridas tão vermelhas, fétidas e nojentas que contavam que faziam ânsia e vomitavam frente a ela.
“Meu avô era uma das pessoas que sabiam ler e escrever em minha família, assim ele me ensinou tudo, me dava livros sobre histórias do continente, das guerras travadas, das conquistas fundadas, e os miraculosos feitos dos deuses de diferentes culturas.
“Eu não gostava muito de sair e brincar com os outros meninos de minha idade, mas meu avô me pedia para sair do meu quarto úmido e tomar um pouco de sol, pois eu estava ficando da cor de um lobo das neves. Saí e fiz, com o tempo, alguns amigos, íamos roubar pão do padeiro, pois passávamos fome, pegar panos nos varais das mulheres, pois tínhamos frio, até que um dia os guardas nos pegaram, neste dia ganhei alguns hematomas. – sorri Groanel com um olhar brilhante.
– Quantas luas solitárias você viu? – perguntou ela a pular sobre uma raiz grossa de árvore.
– Cinco – respondeu ele fazendo o mesmo que Jillian – mas já faz muito tempo desde a última, acho que a próxima já se aproxima. E quanto a você?
Cada Lua Solitária é um evento natural nas próprias luas, onde uma oculta a outra, deixando assim, apenas um satélite natural visível ao céu. Este evento ocorre a cada 2.86 anos e os povos nortistas demarcam o tempo com este acontecimento.
– Faz tempo que não vejo uma lua solitária também, mas já vi seis delas. – respondeu Jillian a apressar o passo rumo a um riacho fino. – Estou com sede, vamos encher os cantis.
 Enquanto estávamos de cócoras a capturar a água, vemos mais a frete o fim da floresta, e o início de uma estrada mais larga e usada.
– É – ela se expressou com um tom aliviado – chegamos à estrada de Gornelyn, agora só nos faltam mais algumas horas e estamos na frente da muralha de aço.
– Já sinto falta do cheiro que elas exilavam no inverno, o cheiro forte do aço com a neve.
Ela me olha com uma de suas sobrancelhas erguidas.
– Eu já odeio o cheiro das muralhas no inverno – pronunciou fechando o cantil depois de tomar um pouco de sua água – só a visito no verão. Cansado?
– Não muito, mas nada que mais algumas léguas não resolvam.
Ela ri com a brincadeira do garoto.
– Estamos saciados, agora vamos.
– E agora, pode me contar sobre você? – perguntou Groanel atravessando o riacho junto a Jillian.
Ele da à mão à jovem de cabelos ruivos para se apoiar ao passar à terra seca novamente.
– Você é um belo rapaz, belo de mais para escutar sobre minha vida tão desgraciosa.
Ambos não pronunciam nada por muitos passos, mas na cabeça de Groanel os pensamentos gritavam em alvoroços. “Quem é ela? Seria perigosa? Contudo ela não foi hostil, salvou minha vida e devo ser grato por isso”.
O vento farfalha as folhas vermelhas no chão, as árvores ao redor e esvoaça os cabelos dos viajantes a percorrer a estrada gastada. Mais a frente, o sol alcançava o centro do céu sem nuvens, em um azul infinito.
– Pelos Dragões! – gritou Jillian colocando uma das mãos desocupadas na boca.
– O que aconteceu? – perguntou assustado o menino.
– Olha aquilo ali na frente! – disse ela apontando com o dedo para a estrada antes de dar um passo para trás.
Groanel observou semicerrando os olhos. A coisa estava longe e no meio da estrada, mas conseguiu ver com seu esforço.
– Um suricate branco? – interrogou-a com uma sua face transbordado sarcasmo.
– Não me olhe assim, não é um suricate, é uma Géria!
Aquele animal tinha um pouco mais de 30 centímetros de altura, pois estava de pé observando os arredores. De repente ele se assusta com alguma coisa que provinha da mata ao lado direito da estrada de terra amassada e corre para o lado oposto.
– Vamos andando – sugeriu Jillian – não corremos mais perigo.
– Agora me conte o que diabos é uma Géria!
– Como assim você não sabe o que é uma Géria?
– Nunca atravessei a gigante de aço de Gornelyn, não sei o que acontece aqui fora!
– Pois bem, você aprenderá muitas culturas novas, comidas, sabores e odores, mas uma Géria, garoto, escute e não tire mais isso da sua cabeça – começou a moça de cabelos ruivos – Gérias são as criaturas pequeninas mais aterrorizantes e mortíferas que há desde a morte do último dragão! Não se engane com o rosto e corpo peludos e simpáticos, o perigo delas está em sua calda, de baixo de uma membrana de pele essas criaturinhas escondem um ferrão reto e amarelado, com uma ponta muito afiada, e o pior de tudo, o veneno que isso tem.
– Como uma coisinha daquelas pode matar uma pessoa? – perguntou o rapaz mudando a sua sacola de panos para a outra mão.
– Nunca vi uma em ação, mas me contaram que ela sobre no ombro ou se aproxima do pescoço, e no local da coluna vertebral, bem no meio do pescoço ela crava seu ferrão. A vítima perde todo o seu sistema nervoso, não sente mais dores, não consegue mais mover os braços, as pernas e nem mesmo a cabeça ou a língua, apenas os olhos.
Groanel fica impressionado com tamanho poder de seu veneno.
– A vítima fica em um estado vegetativo, ela morre com sede, fome ou por qualquer outra coisa, e se for resgatada e cuidada, apenas vivera neste estado. Acredito que o suicídio é melhor do que ficar como um corpo de cadáver, tomando apenas líquidos, e depois, se borrando nas calças como um bebê.
O rapaz pensativo balança a cabeça confirmando com a opinião de Jillian.
– Pare! – ordenou ela colocando a mão livre frente ao peito de Groanel.
– Mais uma Géria? Aonde?
Ela não fala nada, mas um pouco mais a frente, uma velha de vestes rasgadas e rústicas, com cabelos longos e brancos de idade, emerge dos arbustos.
– Ela está ferida? – perguntou o jovem.
– Aparentemente sim, vamos ajuda-la?
– Em troca de que? Deixe-a, não é nosso dever cuidar de velhas à beira morte.
“Esse garoto é mais frio do que pensei” – Jillian balança a cabeça o reprovando e a dar passos rumo à senhora.
– Está ferida senhora? – perguntou a jovem a poucos metros da mesma.
A idosa levanta seu olhar e tira seu capuz de tecido duro e sujo.
– Olá jovem bonita – cumprimentou com sua voz cansada em quase um sussurro – poderia me ajudar? –
Jillian anui enquanto Groanel chega a suas costas.
– Estava procurando na floresta algumas flores de Resmerin.
– Flores de Resmerin, senhora? Uma flor medicinal, alguém está ferido?
– Infelizmente, é meu filho mais velho, ele se cortou quando estava trabalhando. E agora eu, com alguns malditos espinhos. – disse a olhar aos seus pés sangrando – E o pior de tudo: não achei uma única flor de resmerin.
– Vou lhe ajudar podre senhora.
A idosa sorri com os únicos dentes que restavam em sua boca, feliz pela generosidade de Jillian.
– Venha, – pronunciou enquanto repousava a mão ao ombro da velha – levaremos você para sua casa, depois voltaremos e buscaremos as flores.
– Oh! Pelos Dragões! Muito obrigada, vocês só podem ser o fogo dos Deuses! – agradeceu a eles com os olhos lacrimejados.
Jillian e Groanel ajudam a idosa até a casa da mesma, a subir alguns degraus cavados rusticamente na própria terra de um pequeno morro, depois voltam para a estrada e adentram nos arbustos em que a velha emergira.
– Como é uma Flor de Resmerin? – perguntou Groanel fitando ligeiramente os arredores da mata – Já li sobre ela em alguns livros de meu avô, mas nunca as vi.
– Elas se parecem com um trevo, porém são maiores e as cores de suas pétalas variam conforme a espécie, algumas são amarelas, outras vermelhas com pequeninos espinhos no caule, – Jillian respira fundo, aspirando o ar puro da floresta densa que se estendia em sua frente – Diferentemente de uma, que tem uma cor mais roseada, mas as mais eficientes são as de cor laranja, pois a substância curativa é predominante nesta cor.
O jovem anui, e sem mais delongas, começam a adentrar na mata e vasculhar os locais que Jillian dizia ser provável encontrarem alguma das flores.
– Achei! – berrou Groanel pegando uma flor parecida com a descrição da moça. – Ai!
– Uma laranja! – sorriu ela estendendo a mão.
– Porque você não me disse que esta tinha espinhos também?
Rapidamente Jillian recolhe sua mão e fica com sua cara estática e pensativa.
– O que foi? – questionou Groanel assustado fitando seu olhar a face da jovem.
– Essa não é uma resmerin, Groanel!
– Não? – ele joga a planta ao chão a observar uma gota de sangue emergir da pele.
– É uma Calistra do Corredor. – disse ela com uma voz triste – ela é venenosa.
– Ai meu Dragão! Vou morrer? – perguntou o jovem em total desespero.
A moça apenas ri olhando a cara comicamente assustada do rapaz.
– Não, não vai morrer, esta é uma planta que contêm algumas substâncias benevolentes. – ela vê os ombros de Groanel se aliviarem da tensão – ela é matéria-prima para a fabricação de uma poupa energética, pois ela estimula o metabolismo e tem garranyra, uma substância muita energética.
Groanel suspira aliviado.
– Estou bem, – exclamou o rapaz – vamos procurar as flores de resmerin de novo.
Ambos os jovens se movem na mata com os olhares atentos a todos os lados.
– Você sabe por que aquela flor ganhou seu nome como Resmerin? – perguntou Jillian à Groanel.
– Li em um livro de meu avô. – respondeu ele orgulhoso com um sorriso nos lábios – Essa flor curou o rei Merin de Widerstone de uma doença rara no passado, dizem que a flor foi dada pelos Deuses Dragões e fez o homem ressuscitar. Depois se propagou o nome da flor com “res” no início informando de Merin ressuscitou, ou seja, res-merin.
– Muito inteligente. – Jillian sorriu escutando as doces palavras do rapaz, ela olhava dentro dos olhos escuros e profundos imaginando o quanto mais ele sabia do resto do mundo.
Groanel respondia seu olhar, ambos ficam se olhando por alguns segundos.
– É… bem, vamos continuar a procurar. – sugestionou a jovem.
Depois de alguns minutos, ambos acham um tronco de árvore caído e apodrecido, e dentro dele havia centenas de flores de Resmerin, da espécie de cor laranja.
– Ótimo – disse Jillian colocando as ultimas plantas dentro de uma sacola de pano – Vamos pegar umas Calistras do Corredor também.

Não demoraram em achar mais calistras e voltaram com um saco de pano pela metade das mesmas e outra com as resmerins para o filho ferido da velha.

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