Olá Galera! Trago, a pedidos, o segundo capítulo de O Descendente dos Dragões! Se você começou a ler agora dê um lidinha no Prólogo antes, pois faz parte da estória e comente o que você achou, ok? Abraços e Boa Leitura!
Capítulo 2 - A Flor que Ressuscita
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A
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s flores nas árvores se abriam conforme
o sol as tocava.
–
Ei menino! Acorde! Já estou partindo.
–
Para onde? – perguntou Groanel pulando rápido dos panos que estavam na grama.
– Gornelyn,
oras. – ela arrumava os panos e outras coisas rapidamente em uma bolsa.
– Não acreditou
em mim? Ela foi destruída.
– Acreditei. –
Jillian confirmou – estamos a só um dia de lá, o que vai nos custar visita-la?
E se realmente estiver destruída podemos pegar algumas coisas.
– Quer dizer
roubar?
– Bem, se
olharmos por outro lado, não será um roubo, pois não teria nenhum dono!
Groanel da um
passo a frente a ajudar com as coisas.
– Em minha
infância eu tinha que fazer muito disso para sobreviver.
– Ótimo, me
conte de você enquanto andamos rumo a Gornelyn!
Groanel anui com
a cabeça pegando mais duas sacolas de pano, coloca-as nas costas e depois
partem. Por muitos passos longos, ambos ficam quietos, apenas vendo a primavera
prevalecer nas árvores.
– Me conte sobre
sua infância garoto. – sugeriu.
Ele olhou para o
chão e encolhe os ombros relembrando tudo o que tinha passado.
– É uma história
muito longa.
– O nosso
caminho também. – respondeu Jillian com um sorriso simpático.
O menino olha
mais uma vez para o chão e então começa a orar sua história.
– Me contaram
que quando nasci minha mãe faleceu, pois não resistiu ao parto, e meu pai,
antes mesmo de eu existir, foi morto pelo povo de Grunhay das montanhas ao
noroeste de Gornelyn – Groanel olha fixamente ao horizonte pensativo,
relembrando os fatos – a partir disso, meu avô era meu protetor, meu professor
e meus pais; minha avó também já era morta, faleceu por uma doença que causava
febre, vômito e feridas tão vermelhas, fétidas e nojentas que contavam que
faziam ânsia e vomitavam frente a ela.
“Meu avô era uma
das pessoas que sabiam ler e escrever em minha família, assim ele me ensinou
tudo, me dava livros sobre histórias do continente, das guerras travadas, das
conquistas fundadas, e os miraculosos feitos dos deuses de diferentes culturas.
“Eu não gostava
muito de sair e brincar com os outros meninos de minha idade, mas meu avô me
pedia para sair do meu quarto úmido e tomar um pouco de sol, pois eu estava
ficando da cor de um lobo das neves. Saí e fiz, com o tempo, alguns amigos,
íamos roubar pão do padeiro, pois passávamos fome, pegar panos nos varais das
mulheres, pois tínhamos frio, até que um dia os guardas nos pegaram, neste dia
ganhei alguns hematomas. – sorri Groanel com um olhar brilhante.
– Quantas luas solitárias você viu? – perguntou
ela a pular sobre uma raiz grossa de árvore.
– Cinco –
respondeu ele fazendo o mesmo que Jillian – mas já faz muito tempo desde a
última, acho que a próxima já se aproxima. E quanto a você?
Cada Lua Solitária é um evento natural nas
próprias luas, onde uma oculta a outra, deixando assim, apenas um satélite
natural visível ao céu. Este evento ocorre a cada 2.86 anos e os povos nortistas
demarcam o tempo com este acontecimento.
– Faz tempo que
não vejo uma lua solitária também,
mas já vi seis delas. – respondeu Jillian a apressar o passo rumo a um riacho
fino. – Estou com sede, vamos encher os cantis.
Enquanto estávamos de cócoras a capturar a
água, vemos mais a frete o fim da floresta, e o início de uma estrada mais
larga e usada.
– É – ela se
expressou com um tom aliviado – chegamos à estrada de Gornelyn, agora só nos
faltam mais algumas horas e estamos na frente da muralha de aço.
– Já sinto falta
do cheiro que elas exilavam no inverno, o cheiro forte do aço com a neve.
Ela me olha com
uma de suas sobrancelhas erguidas.
– Eu já odeio o
cheiro das muralhas no inverno – pronunciou fechando o cantil depois de tomar
um pouco de sua água – só a visito no verão. Cansado?
– Não muito, mas
nada que mais algumas léguas não resolvam.
Ela ri com a brincadeira
do garoto.
– Estamos
saciados, agora vamos.
– E agora, pode me
contar sobre você? – perguntou Groanel atravessando o riacho junto a Jillian.
Ele da à mão à jovem
de cabelos ruivos para se apoiar ao passar à terra seca novamente.
– Você é um belo
rapaz, belo de mais para escutar sobre minha vida tão desgraciosa.
Ambos não
pronunciam nada por muitos passos, mas na cabeça de Groanel os pensamentos
gritavam em alvoroços. “Quem é ela? Seria
perigosa? Contudo ela não foi hostil, salvou minha vida e devo ser grato por
isso”.
O vento farfalha
as folhas vermelhas no chão, as árvores ao redor e esvoaça os cabelos dos
viajantes a percorrer a estrada gastada. Mais a frente, o sol alcançava o
centro do céu sem nuvens, em um azul infinito.
– Pelos Dragões!
– gritou Jillian colocando uma das mãos desocupadas na boca.
– O que aconteceu?
– perguntou assustado o menino.
– Olha aquilo
ali na frente! – disse ela apontando com o dedo para a estrada antes de dar um
passo para trás.
Groanel observou
semicerrando os olhos. A coisa estava longe e no meio da estrada, mas conseguiu
ver com seu esforço.
– Um suricate
branco? – interrogou-a com uma sua face transbordado sarcasmo.
– Não me olhe
assim, não é um suricate, é uma Géria!
Aquele animal
tinha um pouco mais de 30 centímetros de altura, pois estava de pé observando
os arredores. De repente ele se assusta com alguma coisa que provinha da mata
ao lado direito da estrada de terra amassada e corre para o lado oposto.
– Vamos andando
– sugeriu Jillian – não corremos mais perigo.
– Agora me conte
o que diabos é uma Géria!
– Como assim
você não sabe o que é uma Géria?
– Nunca
atravessei a gigante de aço de Gornelyn, não sei o que acontece aqui fora!
– Pois bem, você
aprenderá muitas culturas novas, comidas, sabores e odores, mas uma Géria,
garoto, escute e não tire mais isso da sua cabeça – começou a moça de cabelos ruivos
– Gérias são as criaturas pequeninas mais aterrorizantes e mortíferas que há
desde a morte do último dragão! Não se engane com o rosto e corpo peludos e
simpáticos, o perigo delas está em sua calda, de baixo de uma membrana de pele
essas criaturinhas escondem um ferrão reto e amarelado, com uma ponta muito
afiada, e o pior de tudo, o veneno que isso tem.
– Como uma
coisinha daquelas pode matar uma pessoa? – perguntou o rapaz mudando a sua
sacola de panos para a outra mão.
– Nunca vi uma
em ação, mas me contaram que ela sobre no ombro ou se aproxima do pescoço, e no
local da coluna vertebral, bem no meio do pescoço ela crava seu ferrão. A
vítima perde todo o seu sistema nervoso, não sente mais dores, não consegue
mais mover os braços, as pernas e nem mesmo a cabeça ou a língua, apenas os
olhos.
Groanel fica
impressionado com tamanho poder de seu veneno.
– A vítima fica
em um estado vegetativo, ela morre com sede, fome ou por qualquer outra coisa,
e se for resgatada e cuidada, apenas vivera neste estado. Acredito que o
suicídio é melhor do que ficar como um corpo de cadáver, tomando apenas
líquidos, e depois, se borrando nas calças como um bebê.
O rapaz pensativo
balança a cabeça confirmando com a opinião de Jillian.
– Pare! – ordenou
ela colocando a mão livre frente ao peito de Groanel.
– Mais uma
Géria? Aonde?
Ela não fala
nada, mas um pouco mais a frente, uma velha de vestes rasgadas e rústicas, com
cabelos longos e brancos de idade, emerge dos arbustos.
– Ela está
ferida? – perguntou o jovem.
– Aparentemente
sim, vamos ajuda-la?
– Em troca de
que? Deixe-a, não é nosso dever cuidar de velhas à beira morte.
“Esse garoto é mais frio do que pensei” – Jillian balança
a cabeça o reprovando e a dar passos rumo à senhora.
– Está ferida
senhora? – perguntou a jovem a poucos metros da mesma.
A idosa levanta
seu olhar e tira seu capuz de tecido duro e sujo.
– Olá jovem
bonita – cumprimentou com sua voz cansada em quase um sussurro – poderia me
ajudar? –
Jillian anui
enquanto Groanel chega a suas costas.
– Estava
procurando na floresta algumas flores de Resmerin.
– Flores de
Resmerin, senhora? Uma flor medicinal, alguém está ferido?
– Infelizmente,
é meu filho mais velho, ele se cortou quando estava trabalhando. E agora eu, com
alguns malditos espinhos. – disse a olhar aos seus pés sangrando – E o pior de
tudo: não achei uma única flor de resmerin.
– Vou lhe ajudar
podre senhora.
A idosa sorri
com os únicos dentes que restavam em sua boca, feliz pela generosidade de
Jillian.
– Venha, –
pronunciou enquanto repousava a mão ao ombro da velha – levaremos você para sua
casa, depois voltaremos e buscaremos as flores.
– Oh! Pelos
Dragões! Muito obrigada, vocês só podem ser o fogo dos Deuses! – agradeceu a
eles com os olhos lacrimejados.
Jillian e
Groanel ajudam a idosa até a casa da mesma, a subir alguns degraus cavados
rusticamente na própria terra de um pequeno morro, depois voltam para a estrada
e adentram nos arbustos em que a velha emergira.
– Como é uma Flor de Resmerin? – perguntou Groanel
fitando ligeiramente os arredores da mata – Já li sobre ela em alguns livros de
meu avô, mas nunca as vi.
– Elas se
parecem com um trevo, porém são maiores e as cores de suas pétalas variam conforme
a espécie, algumas são amarelas, outras vermelhas com pequeninos espinhos no
caule, – Jillian respira fundo, aspirando o ar puro da floresta densa que se
estendia em sua frente – Diferentemente de uma, que tem uma cor mais roseada,
mas as mais eficientes são as de cor laranja, pois a substância curativa é
predominante nesta cor.
O jovem anui, e
sem mais delongas, começam a adentrar na mata e vasculhar os locais que Jillian
dizia ser provável encontrarem alguma das flores.
– Achei! –
berrou Groanel pegando uma flor parecida com a descrição da moça. – Ai!
– Uma laranja! –
sorriu ela estendendo a mão.
– Porque você
não me disse que esta tinha espinhos também?
Rapidamente
Jillian recolhe sua mão e fica com sua cara estática e pensativa.
– O que foi? –
questionou Groanel assustado fitando seu olhar a face da jovem.
– Essa não é uma
resmerin, Groanel!
– Não? – ele
joga a planta ao chão a observar uma gota de sangue emergir da pele.
– É uma Calistra
do Corredor. – disse ela com uma voz triste – ela é venenosa.
– Ai meu Dragão!
Vou morrer? – perguntou o jovem em total desespero.
A moça apenas ri
olhando a cara comicamente assustada do rapaz.
– Não, não vai
morrer, esta é uma planta que contêm algumas substâncias benevolentes. – ela vê
os ombros de Groanel se aliviarem da tensão – ela é matéria-prima para a
fabricação de uma poupa energética, pois ela estimula o metabolismo e tem garranyra,
uma substância muita energética.
Groanel suspira
aliviado.
– Estou bem, –
exclamou o rapaz – vamos procurar as flores de resmerin de novo.
Ambos os jovens
se movem na mata com os olhares atentos a todos os lados.
– Você sabe por
que aquela flor ganhou seu nome como Resmerin? – perguntou Jillian à Groanel.
– Li em um livro
de meu avô. – respondeu ele orgulhoso com um sorriso nos lábios – Essa flor
curou o rei Merin de Widerstone de uma doença rara no passado, dizem que a flor
foi dada pelos Deuses Dragões e fez o homem ressuscitar. Depois se propagou o
nome da flor com “res” no início informando de Merin ressuscitou, ou seja,
res-merin.
– Muito
inteligente. – Jillian sorriu escutando as doces palavras do rapaz, ela olhava
dentro dos olhos escuros e profundos imaginando o quanto mais ele sabia do
resto do mundo.
Groanel
respondia seu olhar, ambos ficam se olhando por alguns segundos.
– É… bem, vamos
continuar a procurar. – sugestionou a jovem.
Depois de alguns
minutos, ambos acham um tronco de árvore caído e apodrecido, e dentro dele
havia centenas de flores de Resmerin, da espécie de cor laranja.
– Ótimo – disse
Jillian colocando as ultimas plantas dentro de uma sacola de pano – Vamos pegar
umas Calistras do Corredor também.
Não demoraram em
achar mais calistras e voltaram com um saco de pano pela metade das mesmas e
outra com as resmerins para o filho ferido da velha.
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